Histórias de Moradores da Penha - RJ

Esta página em parceria com o Museu da Pessoa é dedicada a compartilhar histórias e depoimentos dos Moradores do bairro.


História da Moradora: Rosemere Dantas Gonçalves
Local: Rio de Janeiro
Publicado em: 23/11/2012

Tema: A História de Rosemere

Sinopse:

Rosemere Dantas Gonçalves nasceu em 10 de setembro de 1965 no bairro da Penha no Rio de Janeiro. Seu nome seria Rosa Maria, escolhido por sua mãe, mas quando seu pai foi ao cartório registrar estava tão bêbado de felicidade, por ser sua única filha mulher, depois de 7 meninos, que acabou trocando o nome, e ao invés de Rosa Maria virou Rosemere. Na infância acreditava em lendas e adorava brincar de pique lata com seus amigos na rua à noite.

Durante o dia brincava muito em frente ao espelho, uma espécie de amigo imaginário. O pior momento da sua vida foi perder seu pai. Após seu casamento Rosemere foi morar em Duque de Caxias, onde reside até hoje. Rosemere é uma mulher batalhadora; mãe de três filhos: Pablo, Luana e Luan; trabalha como inspetora de alunos e sonha em ser psicóloga. Está contando os dias para o nascimento de sua 1° neta, a Laurinha.

História:

No dia 10 de setembro de 1975 nasceu uma menina chamada Rosemere. Quando seu pai soube que tinha nascido a primeira menina da família, foi “beber o mijo da criança”. Calma gente, a expressão “beber o mijo da criança” na região nordeste significa celebrar o nascimento do bebê. E isso é feito com bebida alcoólica. Nesse caso é especial, porque é a primeira menina após sete meninos.

Depois da bebedeira ele foi ao cartório registrá-la e colocou o nome dela errado, ao invés de Rosa Maria ficou Rosemere. As brincadeiras de antigamente eram diferentes das brincadeiras de hoje em dia. As crianças brincavam de amarelinha, pique-lata, pique-bandeira, casinha entre outras, mas a que Rosemere gostava mesmo era pique-lata podia ficar a noite toda brincando com seus vizinhos que nem percebia a hora passar. Uma dessas noites eles viram uma fumaça forte ao longe, e como toda criança é curiosa, eles resolveram ver o que tinha acontecido.

Chegando lá avistou um clarão saindo do mato e viram que era a mula-sem-cabeça. Todos saíram correndo para suas casas, deitaram de bruços e tamparam os olhos, unhas e dentes. Diz a lenda que se a mula-sem-cabeça ver o brilho dos olhos de uma pessoa ela ataca e a destrói. Eles ficaram escondidos e desesperados ao ouvir o barulho das patas cavalgando. Até que finalmente sua mãe chegou e salvou todos do terror que estavam passando.

Neste tempo Rosemere era muito levada subia em árvores para tacar pedrinhas nas pessoas que passavam por ali, prendia seu irmão Marcos Henrique no poço sem água que tinha em sua rua, porque ele era muito chato e não deixava ninguém brincar, ele ficava um bom tempo por lá, sua irmã dizia que tinha um lobisomem que estava querendo pegá-lo, enquanto isso todos brincavam, mas sempre olhando para ver se ele estava bem. Rosemere adorava estudar, mas não gostava de trocar de escola, o que acontecia com frequência porque seus pais mudavam-se muito, chegou até a repetir a antiga 5° séria, atual 6° ano, duas vezes.

A vantagem era a quantidade de amigos que conseguia fazer em cada escola que chegava. Seu Ubirajara, pai de Rosemere, era um homem muito sério e gostava de impor limites a seus filhos, o que hoje é difícil de encontrar. Para assistir televisão tinha que ser no horário estipulado e não gostava que seus filhos chegassem tarde em casa. Em um dia bem cansativo de trabalho o pai de Rosemere chegou em casa e perguntou por seu filho Carlos Henrique. Disseram que ele estava no cinema. Seu Ubirajara muito estressado esperou Carlos chegar.

Quando ele estava chegando do cinema com seus amigos comentando sobre o filme, ouviu seu pai falar: _ Entre agora Carlos! Foi aí que ele olhou no relógio e viu a hora. Entrou com medo do que podia acontecer com ele. E ele estava certo, porque seu pai ficou verde de tanta raiva e acabou acontecendo a maior confusão. Algum tempo depois veio uma péssima notícia, a morte do pai da Rosemere. Ela ficou muito triste porque ele morreu quando ela só tinha 13 anos. Quando Rosemere completou 18 anos, ela correu atrás de seu primeiro emprego e conseguiu trabalhar como babá de uma menina no bairro da Penha, onde morava.

Mudou muito seu comportamento. Ela deixou a “criancisse” para trás, arrumou seu primeiro namorado, o Sérgio, dando início a uma nova fase de sua vida. Após um tempo Rosemere e Sérgio terminaram o namoro e muita coisa aconteceu nesse período em que estavam separados, mas não conseguiam se esquecer, parecia que tinham sidos feitos um para o outro. Uma espécie de alma gêmea. Em um belo dia Rosemere estava passeando de ônibus e quando olhou para frente seu coração disparou, era o seu primeiro e único amor, Sérgio.

Ele puxou assunto, mas ela dando uma de durona, não deu confiança para ele, mas sabia que aquele reencontro poderia mudar suas vidas. Dias depois em casa com seu namorado Rosemere ouviu uma voz lhe chamando, era Sérgio que apareceu pedindo Rosemere em casamento, ela jogou tudo para o alto e o abraçou como resposta a seu pedido. Eles se casaram e foram mora em Duque de Caxias, tiveram três filhos Pablo, Luana e Luan.

Experiência que para ela foi muito boa, uma sensação maravilhosa. Quando Pablo nasceu era a única criança da família, por isso teve dificuldade para começar a falar. A primeira palavra que ele falou foi “papai”. Ao completar 3 anos Rosemere matriculou Pablo na escola Maria Tenório. Teve um dia que ela foi busca-lo na escola e a professora falou que foi o primeiro dia que ele estava de castigo e ao invés de Rosemere brigar com Pablo, ela acabou abraçando ele. Luana era a princesinha da família e adorava fazer travessuras em seu berço.

Com apenas seis meses de vida fez cocô, como era muito esperta tirou a fralda e ficou mexendo, o Pablo viu e tentou avisar sua mãe, dizendo: _ Neném cocô. Sua mãe ocupada com os serviços de casa pediu para o Pablo sossegar. Pablo insistiu: _ Mamãe, neném, cocô. Mas sua mãe não deu ideia. Pablo tentou avisá-la novamente: _ Mamãe, neném vai comer cocô. Rosemere corre rapidamente para o quarto e salvou sua filha Luana.

Luan se imaginava como guarda de trânsito. Toda vez que Rosemere atravessava a rua com seu filho Luan, ele fazia gestos com as mãos para que os carros parassem assim eles podiam atravessar com segurança. As pessoas que passavam na hora achavam lindo e era difícil não olhar. Era uma atração! Rosemere hoje é inspetora de alunos na Escola Municipal José Camilo dos Santos, mais conhecida como Zitão, mas seu sonho na verdade é ser psicóloga. Sua filha Luana está esperando sua primeira filhinha e Rosemere está muito feliz contando os dias, as horas, os minutos e os segundos para ser vovó. Que emoção!

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